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DO MIMEÓGRAFICO À WEB – AMPLIANDO
O ESPAÇO DA POESIA

Editorial de ANTONIO MIRANDA

[texto escrito em 2007…]

 

       A poesia nunca foi – nem será — a habitante exclusiva ou refém
solitária do livro impresso. Quinhentos anos de artes gráficas e milênios de fólios e polifólios não conseguiram aprisionar os versos à superfície asséptica do papel ou do pergaminho — registros nobres, inscrições pretensiosas de perpetuidade.

        A poesia nasceu verbivocovisual, vocifera Haroldo de Campos, na ressonância dos concretistas; cinquenta anos de poesia que celebramos no ano passado. Na força da palavra, na força do gesto e no caráter da trama e do drama, na artimanha do canto e do acalanto, na frieza dos frontispícios e na crudeza da lápide. Antes de insinuar-se na página em branco — com o perdão de Mallarmé, a página não é o princípio, mas o fim da poesia.

        É possível imaginar a criação poética a partir da página em branco, mas há quem — desde sempre — pense no espaço maior da vida e de suas mais sublimes ou insólitas manifestações. Imaginemos Safo mentando seus poemas na libido de suas sensações exclusivas. Pensemos em cordelistas versificando de improviso no reverbério verbal que reflete nos rostos ávidos e encantados dos transeuntes da feira nordestina.   Onde a concretude da poesia?  No corpo que se expressa com palavras, sons, tradutores de sua expressividade e significação.   É justo supor que Maiakóvsky escrevia recitando
(mentalmente) seus poemas enquanto os registrava e que, logo ia público para “publicá-los” na forma em que foram mais legitimamente concebidos.  [Eu, Antonio Miranda, enquanto durmo costuma produzir longos e criativos poemas... e, depois, acordado, não consigo registrá-los...]  Os poemas de Maiakóvsky podem ser lidos mas, antes, merecem e devem ser ouvidos!

        Há poemas para serem vistos, outros para serem tocados e há quem pretenda que eles sejam os vivenciados, em galerias de arte, em bares, em espaços de “intervenção urbana”.   Dizem que Paul Éluard criou um poema surrealista, que imaginou um poema-instalação, nos idos do século passado, em que o público adentrava e encontrava uma criança vestida de anjo, com asas níveas e plúmbeas, recitando palavras. Aonde quero chegar?    A lugar algum, ou ao espaço da poesia que é onde o público estiver.  Há o espaço oficial dos livros das grandes editoras, em edições de luxo, para os “letrados”, dormindo nas estantes das bibliotecas, registrados de quando em vez por leitores viciados...   É o lugar mais solene e tumular para a poesia, capaz de ressurreições intermitentes.   É um espaço para poucos, mesmo para os alternativos que recorrem às edições pobres do mimeógrafo. Outros buscavam  (ainda buscam?) os suplementos literários, as revistas, as antologias de novos e dos rejeitados.

        “As dificuldades que nos impedem de ter uma visão de conjunto da nova poesia brasileira são incontáveis.  Nesta recente intensificação da nossa produção poética, parece predominar o caráter disperso e espontâneo de manifestações as mais heterogêneas, e que permanecem praticamente desconhecidas.  A capitalização crescente de nosso mercado editorial tem significado para os novos autores um fechamento sistemático das possibilidades de publicação  e distribuição “normais”.  Na tentativa de superar este bloqueio que os marginaliza, tais autores são levados a soluções que, por mais engenhosas, são sempre limitadas. Já há quem fale de uma “geração do mimeógrafo”, de uma poesia pobre, que se vale de meios os mais artesanais de difusão, num âmbito necessariamente restrito.”!

        Palavras que retratam a marginalidade constante da poesia, formas escritas por Antonio Carlos de Brito e Heloisa Buarque de Holanda, a propósito da memorável EXPOESIA I, dos tempos de Affonso Romano de Sant´Anna na direção do Departamento de Letras da PUC-RJ, texto publicado na memorável revista ARGUMENTO (Ano I, no. 3, p. 81-94) em janeiro de 1974. Uma notável mostra do fazer poético daqueles tempos, que repercute até os nossos dias.

        Infelizmente, as ilustrações que revelavam os trabalhos expostos estão sem legenda, sem identificação dos autores...
Hoje, em 2007, a mostra se dá por toda parte, das galerias de arte aos café-concertos, dos blogs aos vlogs.  O poeta agora pode ser o editor dos próprios textos, em páginas web que circulam instantaneamente, aos milhares. Do luxo ao lixo, do genial ao banal.  É possível ver animações sempre criativas de, por exemplo, Marcelo Sahea e os petardos poéticos de Glauco Mattoso em sua clarividência inconoclasta. Poetas difundindo poesia como os abnegados Paschoal Motta, Luiz Alberto Machado, José Geraldo Neres, Carlos Machado, Enzo Barroco, etc, etc.    Novos tempos, novas linguagens, novas tecnologias.  A tecnologia do ver encadeado dá lugar à animação do FLASH, as letras set que valiam nos anos 60 são substituídas pelos “corpos” do WORD.  Mas nada substitui nem suplanta nada no domínio da arte. Como diria Edgar Morin, é a pura reinvenção, um ruminar sobre os elementos escassos, mas — paradoxalmente — infinitos ao alcance do poeta e dos artistas. E também de editores que o fazem como negócio, com as tecnologias em curso.

        Nada substitui o livro na imaginação do poeta, mas há poetas novos que surgem e ficarão exclusivamente na web, seja por opção ou por exclusão — a dos excluídos da indústria editorial.  O poema se ajusta à nova mídia — frasal e visualmente —, em sua instantaneidade e brevidade, mas não necessariamente superficialidade.  Talvez a web — especulemos, mas possivelmente... — seja mesmo o espaço do HAY-KAI eletrônico, mas (por que não?)  profundo.  Para terminar, numa reflexão ao sabor acadêmico (ou AKD-dêmico como quer o nosso amigo Wagner Barja.   Se uma mídia não supera mas incorpora as mídias precedentes, vale a pena apostar na confluência das duas vertentes — a da “comunicação extensiva” e a da “comunicação intensiva”, na acepção de Antonio Miranda e Elmira Simeão (da Universidade de Brasília).   No caso extensivo, na possibilidade dos textos navegarem, surfarem e se exporem em telas luminosas para o nosso olhar externo, erradio e casuístico, descobrindo e descobrindo-se.  Birds-eyes view do universo literário que nos chega pela Internet ou que visitamos no afã de descobrir e dominar uma galáxia de textos e imagens em expansão contínua.  Depois da seleção, a quietude de monge, a introspecção do sábio, debruçado sobre as inscrições tabernáculas e sagradas.  E o momento da “comunicação intensiva” do mergulho do texto, do diálogo introspectivo com ou autor inscrito, na reflexão criativa e crítica.  Mesmo na web há lugar para essa dicotomia “extensiva” e “intensiva” se reconciliar na medida em que paralelamente aos blogs, releases e discussões erráticas podemos explorar crescentes “repositórios institucionais” com volumosos compêndios, obras completas, textos intensos, inteiros digitalizados e acessíveis em rede. Ou que são enviados para diversos grupos associados ou desconhecidos... Tudo isso é para dizer que a poesia na web é vária e abrangente, dá espaço para os novos e suas experimentações, mas também abriga, à revelia, os autores clássicos e os mais conservadores. Mesmo aqueles que ainda não aceitam as novas formas de comunicação da poesia.  Para estas existe a possibilidade do download e da impressão em papel para a leitura descontraída, se possível — é óbvio, — e papel reciclado. Vale tudo!!!

 


 

 

 
 
 
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